quinta-feira, 16 de junho de 2011

Projeto Robalo: uma iniciativa que merece ser relembrada

   O Robalo (Centropomus Parallelus) vem passando, já há alguns anos, por uma situação bastante delicada nas águas do litoral paranaense. Situado no topo da cadeia alimentar por ser um peixe carnívoro, o robalo vem sendo o alvo favorito dos que praticam a pesca predatória, por possuir uma carne muito apreciada na culinária.
   No entanto, uma iniciativa patrocinada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-Pr) e a Secretaria da Ciência e Tecnologia do Estado do Paraná (Seti) pretendendo repovoar a espécie na baía de Guaratuba, representou a chance de mudar essa condição do robalo, que desempenha também um importante papel no controle da população de outros peixes, como o parati, a tainha e a sardinha, além de camarões. No começo de fevereiro de 2007, cerca de 30 mil alevinos foram soltos nas águas do mar. 
  Foi a primeira leva de outras que se sucederam até 2009, quando encerrou-se o projeto. Aproximadamente 300 mil robalos, no total, foram soltos na região da baía do município de Guaratuba, onde eram abundantes até os anos 80 do século passado.
 Conforme afirmou o zootecnista Fabiano Bendhack, coordenador do Projeto Robalo e do laboratório da PUC-PR em Guaratuba, o Centro de Produção e Propagação de Organismos Marinhos (CPPOM), “O robalo precisa ser reintroduzido de forma gradativa na natureza. É uma maneira de não causar um novo desequilíbrio em todo o ecossistema da baía”. A presença do robalo tende a evitar que o meio ambiente marinho do litoral paranaense sofra um expressivo desequilíbrio. Regulando a presença de outras espécies, o peixe garante a oferta natural de mais alimentos, como o fitoplâncton, uma vez que ostras e moluscos dependem disso para se desenvolver.
   Para evitar que o Projeto Robalo não funcionasse, a equipe do CPPOM procurou identificar os habitats do peixe antes de iniciar a reintrodução. Na pesquisa, ficou confirmado que mangues, remansos de maré e áreas abrigadas de sombra são as aquelas com maiores chances de garantir o crescimento da população do Centropomus Parallelus.   
 O Projeto Robalo não consistiu apenas no repovoamento da espécie reproduzida no CPPOM. Esta foi apenas a fase de curto prazo. Um trabalho considerado de médio prazo, a segunda fase, foi o de conscientizar as famílias de pescadores da região a devolver ao mar as espécies ainda em fase de crescimento.
 Quando o CPPOM inaugurou um museu de espécies marinhas que habitam o litoral do Paraná, cerca de 400 estudantes do primeiro grau tiveram aulas sobre educação ambiental com alunos do curso de biologia da PUC-PR. Eles recebem informações sobre as espécies mais comprometidas e como o problema poderia afetar a cadeia marinha e econômica no litoral.  
 “Vários estudantes são filhos de pescadores e têm uma interação com o meio ambiente. Queremos que esteja claro para eles que a preservação da natureza ajuda a garantir também o sustento deles”, diz Bendhack.
   Até o final desta década, no que é chamado de projeto de longo prazo (a terceira e última fase do processo de resgate da população de robalos no litoral do Paraná), o CPPOM aposta na piscicultura. O objetivo é eliminar a prática extrativista e garantir que os robalos jamais sejam ameaçados de novo no mar. Esta iniciativa ainda depende de estudos que apontem a melhor forma de produção da espécie em tanques. E não é necessário, a esta altura do campeonato, dizer a quem cabe esta iniciativa, uma vez que você, leitor, não é mais um peixe fora d'água...


Fonte: PUC-Pr, Jornal O Eco e Jornal Paraná On Line.

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